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A história de Miniava

Essa historinha é de Miniava, uma formiguinha muito, mas muito curiosa mesmo! Tanto, ao ponto de questionar sobre tudo. O tio Max era quem mais era questionado por Miniava, pois já estava aposentado e não saia mais para cortar folhas fora de sua colônia. Assim, tio Max passava o dia inteiro cuidando das formigas pequenas, para que seus pais pudessem sair em grupos para o trabalho de cortar folhas.


Vamos ler essa historinha contada pela própria Miniava?

...

_ Bem, eu me chamo Miniava, e sou uma formiguinha que tem o maior orgulho de ser uma formiga. E eu digo que tenho muito orgulho da minha espécie, porque tem formiga que não gosta de ser formiga, mas eu gosto!

Algumas amigas da minha mãe, por exemplo, gostariam de ter nascido borboletas! Imaginem que elas pensam que as borboletas são mais charmosas do que as formigas só porque possuem asas grandes e coloridas nas costas! Bobagem isso. Coisas de formigas que vivem tendo crise de identidade.

Também, elas imaginam que voar com aquelas grandes asas deve ser uma coisa muito legal. Já ouvi muitas delas conversando com minha mãe sobre isso.

No entanto, se eu fosse uma formiga já adulta, eu diria a elas que nós não precisamos de asas para voar, basta termos uma mente imaginativa e criativa. Mas eu não sou ainda crescida o suficiente para dizer isto a elas. O problema é que elas não conseguem imaginar nada, tudo que elas conseguem fazer é acordar cedo e entrar na fila do trabalho para cortar e carregar folhas o dia inteiro, e ficar reclamando da vida umas para as outras pelos caminhos. Foi mamãe quem disse isso certa vez!

Mas eu não vou gastar toda a minha história falando dessas formigas que gostariam de ser borboletas e bla bla bla, bla bla bla.

Eu poderia começar contando sobre os diversos perigos que eu já tive que enfrentar para sobreviver nessa minha vida de formiga jovem. Eu teria muito o que contar, com certeza! Como por exemplo, o dia em que eu caí num buraco enorme, feito pela pata de um monstro gigante que os humanos chamam de cachorro.

Mamãe tinha saído bem cedo para trabalhar e eu desejei conhecer melhor o mundo fora da colônia. Nós, formigas crianças, não podemos sair da colônia porque é muito perigoso. E o Tio Max é quem cuida de mim e de outras formiguinhas.

Por ser já um pouco velho, e estar aposentado de sua lida de cortador de folhas, Tio Max não precisava mais trabalhar, então ele ficou responsável de cuidar das formigas pequenas das famílias da colônia.

Naquele dia eu consegui passar por Tio Max sem ser percebida! Enquanto ele olhava sua mais valorosa relíquia, um relógio de formigas, uma joia que lhe custou dias inteiros de trabalho, eu passei silenciosamente por ele sem ser percebida, e fui dar uma volta nas redondezas.

Era a primeira vez que eu conhecia o mundo lá fora da colônia! Vi tanta coisa linda! Vi os raios do sol da manhã refletirem nas gotas de orvalho pousadas sobre as folhas das plantas, e isso fazia parecer um monte de espelhos. Fiquei encantada vendo o meu rosto de formiga quase jovem nas gotas de orvalho. Eu gastei um enorme tempo ali, olhando o meu rosto naqueles espelhos.

Depois de ter me distraído por algum tempo, imaginei que mamãe já deveria estar quase voltando de sua primeira viagem do dia. Sai correndo e cai num imenso buraco. Comecei a gritar feito uma desesperada – socorro! Socorrooo! Alguém aí? Ajude-me, por favor! - Quando já estava muito cansada de lutar pra sair do buraco, ouvi a voz do Tio Max que já estava a me procurar com desespero, achando que nunca mais iria me encontrar. Ele me ajudou a sair dali e, tive que ouvir seu enorme sermão, lógico! Afinal eu tinha cometido um ato de desobediência.

Eu vivi muitas outras aventuras durante esta minha transição da infância para a minha fase jovem de formiga. Foram muitas aventuras, mas, deixa pra lá, outro dia eu conto, porque eu quero mesmo é falar da escolha que eu fiz pra minha vida, através do bom exemplo de minha mãe.

Recordo-me de ser ainda muito criança. Morávamos em uma grande colônia formada por várias famílias de formigas, mas na minha casa éramos somente eu e mamãe. Meu pai e meus dois irmãos, haviam se perdido na floresta durante uma expedição extra em busca de comida. Foi durante um inverno muito rigoroso. Eles saíram juntamente com outras formigas que foram selecionadas para esta missão. Mas eles nunca mais voltaram...

Em nossa colônia todos trabalhavam duramente para manter o nosso alimento. Todos os dias eu via minha mãe chegar de sua lida diária, carregando enormes feixes de flores coloridas para a nossa casa.

Eu achava aquilo muito estranho, afinal, todas as outras formigas da nossa colônia carregavam folhas e frutos! Mas a minha mãe não! A minha mãe só carregava flores. Havia dias que a nossa casa ficava toda perfumada com aroma de rosas.

Eu sentia vontade de perguntar a ela o porquê, de ela trazer somente flores para a nossa casa, porque nós não comíamos flores! Afinal - eu imaginava – para que servem as flores? - mas eu tinha muito receio de magoá-la com tal pergunta, já que mantínhamos uma disciplina comportamental em casa.

Muitas vezes a vi presentear nossos vizinhos com flores, e em troca desta gentileza eles nos davam folhas e frutos para nos alimentarmos. Sempre que a nossa dispensa ficava vazia, mamãe juntava algumas flores e saia na vizinhança trocando por folhas e frutos.

Passou-se algum tempo até que um dia, depois de já ter crescido um pouco mais, achei que já poderia fazer tal pergunta a mamãe, e arrisquei:

_ Mamãe, eu não entendo porque você enche a nossa casa de flores, e nunca traz comida. Sempre temos que depender da caridade das outras formigas para nos alimentarmos! – questionou-a com muito receio.

_ Ah Miniava! Minha querida formiguinha. Eu já sabia que um dia você me faria esta pergunta! – disse a mãe com um semblante sereno, deixando Miniava mais tranquila.

_ Desculpe mamãe! É que eu não entendo! A senhora passa o dia inteiro trabalhando duro, carrega estas flores que nem servem para nos alimentarmos! – justificou Miniava.

_ Minha filha, você não sente este perfume de flores, este aroma suave e doce dentro da nossa casa?

_ Sim. Claro que eu sinto! A nossa casa é a única casa que está sempre perfumada!

_ E você já observou também que a nossa casa é a mais colorida e a mais bonita daqui da colônia?

_ É verdade mamãe! A nossa casa está sempre enfeitada com as flores que você traz, mas... – Miniava foi interrompida pela mãe.

_ Minha querida, veja bem; se todas as formigas trabalhassem apenas para alimentar o corpo, qual seria a graça de viver? A vida não é feita somente de comida! A vida também é feita de cores, flores e perfumes minha filha! Os nossos olhos precisam ver a beleza das flores e contemplar com alegria suas cores! Temos que deixar a nossa casa mais alegre, e as flores a deixam mais alegre! Você não acha? - questionou a mãe.

_ Acho mamãe. A nossa casa é bonita e alegre. – Concordou.

_ Então minha filha, o meu trabalho não é em vão. É um trabalho de grande valor também! Carregar flores também é um trabalho que alegra a vida de outras pessoas. As flores que eu carrego duramente todos os dias servem para alimentar de alegria a nossa vida e a vida dos nossos amigos aqui da colônia.

_ Desculpe mamãe! Eu não quis dizer que o seu trabalho não tem valor, eu apenas não o entendia.

_Eu sei Miniava. Mas eu quero que saiba filha, que todo trabalho tem o seu valor, e também tem a sua razão. A vida é assim mesmo, enquanto alguns trabalham para alimentar o corpo, outros precisam trabalhar para alimentar a alma. Depois, juntamos todas as nossas necessidades e compartilhamos tudo o que temos uns com os outros. E sua mãe, Miniava, compartilha flores.

_ Mamãe, eu te amo por isso! E quando chegar a minha vez de trabalhar, eu também vou ser como você - uma formiga que carrega flores!

_ Também te amo minha formiguinha linda. Você foi o melhor presente que a vida me deu. Por você, eu carregarei flores por toda a minha vida.


... 

Daquele dia em diante, passei a observar os gestos de mamãe e a importância do seu trabalho de carregar flores.


Reflexão

Toda a ação que favorece o bem-estar de alguém é um trabalho, e tem o seu valor e a sua importância.


Rozilda Euzebio Costa

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