Enquanto caminhamos de mãos dadas pelas ruas,
Tingidas com as cores amarelas e alaranjadas do outono,
Vamos libertando da árvore da nossa vida,
As nossas cálidas e amareladas lembranças,
Um cenário tingido por um tempo,
Que não voltará nunca mais,
Recordações que, de certa forma,
Foram importantes em nossas vidas,
São nossos retalhos de momentos vividos,
São memórias minhas, e são memórias tuas.
Sem impor força ou qualquer resistência,
As folhas frágeis e amareladas do outono,
Aceitam a liberdade a elas imposta,
Frágeis, deixam-se levar ao sabor dos ventos,
Depois, vão pousando lentamente na terra,
Deixando-se adormecer placidamente,
Fazendo com ela uma comunhão,
Terra e folha, juntas, em comum transformação.
Como essas folhas, são as nossas lembranças,
Elas vão se libertando espontaneamente,
Para adormecerem caudalosamente,
Em algum canto da nossa existência.
Lá, no cais do porto, nas orlas de um mar azul turquesa,
Um barco ancorado já nos espera para partir,
Dentro dele estão nossas bagagens mais importantes,
São nossos novos sonhos para uma vida nova,
Envoltos de uma esperança firme e forte.
E renascidos das cinzas como a imortal Fênix,
Seguimos vitoriosos para um novo viver,
Assim, nos despertam novas forças,
E com o nosso mais puro amor,
Que nunca esteve ausente de nós,
Trocamos olhares demorados e cândidos,
Com a certeza de que foi este amor a nossa maior riqueza.
É chegada a hora de romper horizontes
E contemplar novas alvoradas.
Em nós, não existe o medo de olhar para trás,
Para dizermos adeus a um tempo gasto que agora é passado,
Que vive congelado nas imagens dos dias idos,
E preso nos relógios de longas jornadas findas.
Não existe mais a dúvida de dar novos passos adiante,
Porque é chegado o tempo de navegarmos novos mares,
De atravessarmos novas fronteiras,
De sobrevoarmos novos céus,
De abrirmos no coração um espaço para outras histórias,
De construirmos na mente outras memórias,
De vivermos e criarmos coisas novas,
Em outras paragens,
Em outras grandes jornadas.
Rozilda Euzebio Costa
05.10.2016
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