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Saudades


Estou doente. 

Sintoma: SAUDADES.


Saudades do tempo em que as portas e janelas da nossa casa não precisavam de grades de proteção, porque ninguém invadia o nosso lar pra roubar os frutos do nosso trabalho.

Saudades do tempo em que os rios eram tão limpos, que preferíamos beber água diretamente em seus leitos. Não sabíamos nem mesmo o que era “água mineral”.

Saudades do tempo em que o dono do açougue enrolava a carne no papel. Aquele papel grosso e marrom. Quando a gente chegava em casa, ele estava quase todo derretido nas nossas mãos (risos).

Saudades do tempo em que se podia ouvir todos os dias de manhãzinha, os hinos tocando na Igrejinha da praça principal. Era o único barulho que se ouvia. Não se conhecia "poluição sonora", como se conhece nos dias de hoje.

É... Eu estou doente de saudades...

Saudades daquele tempo em que o uniforme da escola era mesmo uma farda! Uma farda marrom ou azul, que os alunos quando a vestiam, mais se pareciam com soldados calçados de congas (sapatos), e não exatamente, estudantes. Mas era bem legal mesmo! E a "palmatória"? Aquele bolinho chato de madeira com um cabo comprido. Aquela era severa! Fez muita gente aprender direitinho a matemática! (risos)

Saudades das histórias contadas pelos "mais velhos", elas tinham aventuras e enredos emocionantes. Nos levavam a uma viagem de aventuras através da nossa imaginação. A gente não precisava de máquinas pra atiçar nossas idéias. Elas brotavam como sementes em terreno fértil.

Saudades das  "estórias de troncoso", inventadas pelos pais e avós para divertir e entreter as crianças. Eram tão boas! E quando tinha lua grande no Céu, ouvir aquelas estórias era mais emocionante ainda! Hoje os pais não tem mais tempo para criar estórias pra contar aos filhos, e nem os avós tem mais disposição para isso. O mundo está consumindo nossa capacidade de sonhar, porque ele nos oferece sonhos industrializados.

Bem... Estou mesmo doente de saudades...

Saudades das coisas boas que não voltam mais.

Rozilda Euzebio Costa

25.07.2014

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